quarta-feira, 29 de abril de 2015

Windows de Código Aberto



por Marcus Vinícius Brasil





Há muitos sinais de que a cultura na Microsoft tem mudado nos últimos anos, especialmente depois que Satya Nadella assumiu o posto de CEO. E novas afirmações de um engenheiro veterano mostram que as estruturas da gigante do software foram mesmo abaladas: Mark Russinovich disse durante uma conferência no Vale do Silício que a companhia discute a possibilidade de tornar o Windows open source. 

Quem acompanha a história da empresa nas últimas décadas sabe que esse seria um passo enorme – e que provavelmente levaria tempo para se concretizar. A Microsoft se tornou a gigante de hoje vendendo software proprietário, de código fechado, principalmente seu sistema operacional e o pacote Office. Segundo Russinovich, isso pode mudar. 

"É definitivamente possível", disse Russinovich durante a conferência ChefCon, em Santa Clara, na Califórnia, que reúne desenvolvedores e especialistas em TI.

Recentemente, a Microsoft já tomou iniciativas em direção a uma cultura de código aberto. No mês passado, a empresa abriu a engine de compilação de software MSBuild. Em novembro do ano passado, foi a vez do popular framework .NET, em um movimento que pode ser considerado ousado, visto o histórico da companhia. 

Claro que o projeto de um Windows open source exigiria muito mais planejamento. "Se você abre o código de um produto mas ele vem com um sistema que exige cientistas e três meses para configurar, qual a vantagem?" diz o engenheiro. "Todo tipo de conversa que você possa imaginar sobre o que podemos fazer com nosso software – aberto versus fechado versus serviço – já aconteceu."

O desempenho financeiro da divisão Windows tem sofrido com a queda constante das vendas globais de PCs, como revelaram os resultados divulgados pela companhia. Essa pressão pode acelerar as discussões por novas estratégias de mercado, como o investimento em infraestrutura de nuvem. Inclusive, o Azure, solução da companhia na área, já suporta máquinas rodando Linux. "Esta é a realidade em que vivemos", diz Russinovich. 

Apesar de a discussão chamar a atenção quando se trata de Microsoft, o código aberto é quase uma norma em outras gigantes do Vale do Silício. Basta pensar no Google e no sistema operacional Android, ou no Facebook e sua coleção de tecnologias, de servidores a inteligência artificial, que já estão disponíveis com licenças open source. 

Apesar de a Microsoft ainda experimentar seus primeiros passos na cultura aberta, sempre há tempo de começar.









O que é o Open Source


É comum ver Software Livre e Código Aberto (Open Source) sendo tratados como se fossem a mesma coisa. De igual maneira, não é difícil encontrar a expressão "código aberto" como mero sinônimo de "código-fonte aberto". Não há, necessariamente, erros aqui, mas há diferenças.

O Open Source é um movimento que surgiu em 1998 por iniciativa principal de Bruce Perens, mas com o apoio de várias outras pessoas que não estavam totalmente de acordo com os ideais filosóficos ou com outros aspectos do Software Livre, resultando na criação da Open Source Initiative (OSI).

A Open Source Initiative não ignora as liberdades da Free Software Foundation, por outro lado, tenta ser mais flexível. Para isso, a organização definiu dez quesitos para que um software possa ser considerado Open Source:

Distribuição livre;

Acesso ao código-fonte;

Permissão para criação de trabalhos derivados;

Integridade do autor do código-fonte;

Não discriminação contra pessoas ou grupos;

Não discriminação contra áreas de atuação;

Distribuição da licença;

Licença não específica a um produto;

Licença não restritiva a outros programas;

Licença neutra em relação à tecnologia.

A descrição de cada um desses critérios pode ser encontrada em softwarelivre.org/open-source-codigo-aberto ou em www.opensource.org/docs/definition.php (em inglês).

Analisando as características da Free Software Foundation e da Open Source Initiative, percebemos que, em muitos casos, um software livre pode também ser considerado código aberto e vice-versa.

A diferença está, essencialmente, no fato de a OSI ter receptividade maior em relação às iniciativas de software do mercado. Dessa forma, empresas como Microsoft e Oracle, duas gigantes do software proprietário, podem desenvolver soluções de código aberto utilizando suas próprias licenças, desde que estas respeitem os critérios da OSI. No Software Livre, empresas como estas provavelmente enfrentariam algum tipo de resistência, uma vez que suas atividades principais ou mesmo os programas oferecidos podem entrar em conflito com os ideais morais da Free Software Foundation.

Apesar disso, Free Software Foundation e Open Source Initiative não são inimigas. Embora não concordem em alguns pontos, ambas as entidades se respeitam e reconhecem a importância da atuação de cada uma. De certa forma, pode-se dizer inclusive que o trabalho das duas organizações se complementam: a FSF atuando mais pelo lado social; a OSI, pelos contextos técnicos e de mercado.



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